sábado, 16 de junho de 2012

O óleo de peixe apresenta pequeno efeito nos tiques da síndrome de Tourette


Alguns pais tem grande confiança no óleo de peixe como um tratamento para os “tiques” causados pelo transtorno de Tourette, mas até agora são poucas as evidências de pesquisa.
Em um pequeno estudo de crianças com síndrome de Tourette, os pesquisadores observaram que os ácidos graxos ômega-3 não eram melhores que um placebo na redução da gravidade dos tiques.
Por outro lado, crianças que usaram ômega-3 mostraram uma melhora no grau em que os tiques os incomodavam, relataram os pesquisadores em 14 de maio no periódico Pediatrics.
Por enquanto, não está claro o que fazer com esses resultados, de acordo com a pesquisadora principal Dra. Vilma Gabbay, do Centro de Estudos da Criança NYU, em Nova York e do Instituto de Pesquisa Psiquiátrica Nathan S. Kline em Orangeburg, Nova York.
É possível que os suplementos de ômega-3 tenham afetado o bem-estar das crianças, disse a Dra. Gabbay. Há evidências, por exemplo, de que os ômega-3 possam ajudar a aliviar sintomas de depressão.
Mas o estudo foi pequeno e teve outras limitações. Segundo a Dra. Gabbay, a principal é que estudos maiores são necessários para avaliar se pode haver um papel para suplementos de omega-3 no manejo do Tourette.
Muitas crianças com síndrome de Tourette não precisam de nenhum tratamento especial. Mas outras apresentam sintomas que interferem em sua vida diária, ou tem comorbidades, como o transtorno obsessivo-compulsivo, que podem justificar um tratamento.
“O problema é que as medicações atualmente em uso são pouco toleradas, ou às vezes simplesmente não funcionam”, disse a Dra. Gabbay à Reuters Health. Alguns desses medicamentos incluem antidepressivos, anti-convulsivantes e antipsicóticos.
Curiosamente, disse a Dra. Gabbay, alguns pais relataram que os suplementos de ômega-3 ajudaram a controlar os tiques de seus filhos.
Segundo a Dra. Gabbay, existem razões biológicas para se acreditar que o ômega-3 pode ajudar a reduzir os tiques de Tourette. Pesquisas de laboratório sugerem, por exemplo, que os lipídios afetam certos mediadores cerebrais envolvidos na comunicação e inflamação de celulas nervosas, e se acredita que também estão envolvidos na síndrome de Tourette.
Mas este é o primeiro ensaio clínico a comparar o óleo de peixe contra um placebo, para testá-lo objetivamente.
A Dra. Gabbay e colaboradores randomizaram 33 crianças e adolescentes com síndrome de Tourette para receber uma cápsula de óleo de peixe ou cápsulas de placebo contendo azeite de oliva. Dependendo da idade, as crianças do grupo intervenção receberam 500 ou 1.000 mg de ômega-3 ao dia.
Após 20 semanas, as crianças de ambos os grupos estavam apresentando melhoras na gravidade dos tiques. Mas o grupo de óleo de peixe não estava melhor que o grupo placebo.
No entanto, as crianças recebendo óleo de peixe tinham maior probabilidade de relatar melhora no bem-estar e no impacto que os tiques tinham em suas vidas.
Mais da metade era de “respondedores” neste grupo, contra um quarto a um terço das crianças no grupo placebo.
Exatamente o que tudo isso significa não está claro.
É possível, de acordo com o Dr. Gabbay, que os ômega-3 tenham afetado a forma como as crianças percebiam seus tiques, embora não houvesse nenhum efeito claro sobre a gravidade dos tiques. Mas, ela disse: “Eu não vou dizer aos pais que os ômega-3 são a pílula mágica”.
Ela disse que um grande ensaio clínico é necessário. E provavelmente seria conveniente usar um placebo diferente, ela ressaltou. O azeite de oliva não é um placebo ideal, porque pode indiretamente afetar os níveis corporais de ácidos graxos ômega-3.
Ele disse que algo como óleo de milho seria um placebo melhor.
Por enquanto, a Dra. Gabbay recomenda que os pais prestem atenção à quantidade de ácidos graxos ômega-3 na dieta de seus filhos. Segundo a Dra. Gabbay, se uma criança com síndrome de Tourette não come peixe, pode valer a pena tentar cápsulas de ômega-3. “Mas não se deve esperar que irão beneficiar a gravidade dos tiques”, disse ela.
Referencias:
Pediatrics 2012.

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