sábado, 16 de junho de 2012

A suplementação de vitamina D pode melhorar a hipertensão


A vitamina D3 pode atuar como um inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA) em pacientes obesos com hipertensão. O tratamento crônico com vitamina D3 poderia, portanto, reduzir o risco de doença renal crônica em pacientes obesos ao reduzir a atividade do sistema renina-angiotensina (SRA).
Anand Vaidya, MD, MMSc, da Harvard Medical School em Boston, Massachusetts, apresentou a pesquisa em uma sessão de poster nas Sessões Científicas de 2012 de Arteriosclerose, Trombose e Biologia Vascular. Ele discutiu o poster com o Medscape Medical News e explicou que “esse é um estudo de fisiologia desenhado como um estudo conceitual”.
O poster descreveu os resultados no primeiro estudo intervencionista em humanos desenhado para avaliar se o tratamento com a vitamina D tem efeito na atividade do sistema renina-angiotensina em pacientes obesos. Esses pacientes foram escolhidos por estarem em alto risco de doença renal crônica. Um estudo de seguimento está sendo realizado com pacientes de peso normal.
O estudo envolveu 14 pacientes com obesidade mórbida (índice de massa corporal, 36kg/m²) com hipertensão, pré diabetes, e níveis de 25-hidroxivitamina D (25-OH D) abaixo de 25 ng/ml, e função renal normal. Os pesquisadores utilizaram um protocolo meticulosamente controlado que já havia mostrado previamente a obtenção de medidas confiáveis do sistema renina-angiotensina. Para isso, eles controlaram todos os moduladores potenciais desses sistema. Por exemplo, como muitas medicações podem afetar o sistema renina-angiotensina, os sujeitos interromperam todos os medicamentos por 3 meses.
A duração do tratamento com vitamina D3 foi restrita a um mês para minimizar a falta de adesão dos pacientes e outros confundidores como perda de peso e mudanças dietéticas. Ao longo do mês, os pacientes receberam 15.000 UI de vitamina D3 por dia. Os níveis séricos médios de 25-OH D aumentaram de 18mg/dl a 52 mg/dl.
Os indivíduos passaram a noite no hospital em posição supina antes de se realizarem as medidas de fluxo sanguíneo renal. Os pesquisadores descobriram que o tratamento com altas doses de vitamina D3 aumentou o fluxo renal basal em 5% e reduziu a pressão arterial média supina.
Como esperado, a infusão contínua de angiotensina II reduziu o fluxo sanguíneo renal. A vitamina D3 aumentou a responsividade vascular renal a uma infusão contínua de angiotensina II. Isso foi representado por um grande declínio no fluxo sanguíneo renal (p < 0,05) depois do tratamento com a vitamina D3. O Dr. Vaidya explicou que o tamanho do efeito foi pequeno, mas destacou que esse efeito foi observado após apenas 1 mês de tratamento com vitamina D.
A resposta a angiotensina II é inversamente proporcional a ativação do sistema renina-angiotensina, e os resultados sugerem uma redução nesses sistema vascular renal em pacientes que estão recebendo vitamina D. Os pesquisadores concluíram que a vitamina D3 e os inibidores da enzima conversora de angiotensina têm o mesmo mecanismo de ação.
Tochi M. Okwuosa, MD, do Wayne State University em Detroit, Michigan, discutiu o poster com o Medscape Medical News e observou que a pesquisa foi “muito interessante e extremamente detalhada”.
Os achados foram consistentes com observações cruzadas prévias dos pesquisadores, demonstrando uma sensibilidade vascular a angiotensina II em pacientes obesos com hipertensão e menores níveis plasmáticos de 25-OH D. O estudo atual mostrou que o tratamento com a vitamina D3 foi capaz de “corrigir” a responsividade tissular a angiotensina II, como fazer os inibidores da enzima conversora de angiotensina. Isso sugere que uma vitamina D baixa está associada com o aumento da atividade tissular do sistema renina-angiotensina.
Pacientes obesos podem se beneficiar de mais vitamina D
A obesidade e a hipertensão levam a um alto risco de doença renal, e o tratamento com inibidores da enzima conversora de angiotensina demonstrou reduzir esse risco. Esses achados podem, assim, dar suporte a manutenção de níveis mais elevados de 25-OH D em pacientes obesos com hipertensão. Essa abordagem individualizada pode reduzir a atividade do sistema renina-angiotensina no tecido renal e vascular e adiar o desenvolvimento de doenças metabólicas e vasculares associadas com essas condições.
O Dr. Vaidya disse claramente que o papel do tratamento com a vitamina D em evitar o desenvolvimento de doenças associadas com excesso de atividade do sistema renina-angiotensina ainda não foi bem determinado. Ele sente, no entanto, que essa área merece investigação.
Ele explicou que o mecanismo de ação por traz da intervencionista não é bem compreendido, e é difícil desenhar um bom estudo.
Muitos estudos intervencionistas permitiram que os pacientes permanecessem em uso dos seus inibidores da enzima conversora de angiotensina. O Dr. Vaidya se preocupou que os efeitos da vitamina D na inibição do sistema renina-angiotensina fossem mascarados pela presença de inibidores mais poderosos.
O Dr. Vaidya enfatizou que a inibição do sistema renina-angiotensina induzida pela vitamina D  deveria ser considerada ao se desenhar futuros estudos intervencionistas que avaliariam a influência do tratamento com vitamina D3 em resultados vasculares. Ele explicou que “entender o mecanismo pode influenciar como estudamos os resultados”.
O Dr. Vaidya e Dr. Okwuosa não declararam relações financeiras relevantes.

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